quinta-feira, 15 de novembro de 2012

mary's magic

Meu pai me disse que o coração não tem energia nenhuma fornecida por ninguém ou por nada pra bater. 
Mas bate assim mesmo.
Qual é a força usada pro meu coração bater? Se você pudesse me fazer entender que mesmo eu estando parada, congelada, meu coração bate sem estímulos alheios e o universo expande da mesma forma. 
O universo fica cada vez maior a cada segundo. 
E a cada segundo é mais uma batida a se acrescentar ao número de batidas totais do meu coração. 
Eu estou viva e sou vida. Meu coração nunca vai cansar de bater. 
Mas pai, por que que é assim? 
O universo não para de expandir e eu fico cada vez menor dentro dele e cada vez maior dentro de mim. 
Minha alma é grande demais. Eu ganhei aquele comichão na garganta de vontade de chorar lágrimas que eu nunca deixo sair. 
Desate o nó que o meu peito faz enquanto meu coração grita cada vez mais alto e meus pulmões enchem de ar e supernovas explodem liberando átomos numa explosão linda e colorida. 
A explosão da morte. Morte que provoca explosão de estrelas que montam tudo. 
Eu fui feita de estrelas. E meu coração batente e minha garganta gritante.
Tudo isso sem estímulo nenhum além da magica da poeira estelar. Pó de pirimplimplim. Um líquido que bebemos junto com o bolo que comemos que nos fizeram inacreditavelmente grandes para nós mesmos e infinitamente menores que todo o universo à nossa volta.
"a realidade nos excede e nos ultrapassa."
Mary is always alone, Alice said. 
Alice didn't know the universe filled me just like the blood fullfills my heart. 
My beating heart. I am made of life and beats and air and love. 
I feel full. And empty at the same time.
Explosões como supernovas, coloridas e catastróficas. maravilhosas e letais.
A morte da vida. A dança do acontecer. Tudo que me preenche. 
Tudo que é feito de estrela. Tudo que se movimenta constantemente é tambem tudo que tentamos controlar com o que chamamos de tempo. 
Time is timeless. O coelho não tem controle do tempo. E ele se mostra sempre atrasado.
Tempo não existe, coelho. Não onde iremos agora.
Mary is always alone. Desate o nó
Mary is always gorgeously alone. 
Desate. 
De onde vem a energia que o seu coração precisa?
"If I had a world on my own, everything would be nonsense" - Alice said.

sábado, 29 de setembro de 2012

a vida que criamos é teatro.

de que importa o que os homens pensam se o mundo é muito maior que eles? que importância têm seus feitos na história da vida se há muito mais a se buscar que eles no lugar que chamamos de Terra? é simples. sem eles, a vida como a conhecemos seria tão diferente que estranharíamos, assistindo de fora, e nos entediaríamos, e dormiríamos como expectadores da cena. o dinamismo ocorre quando o homem chega e seus sentimentos são traduzidos assim: eu quero falar, quero pensar, quero viver e dar um propósito à arte de viver. não vou sentar e babar mas sim fazer com que valha a pena, ainda que no meio do caos, ser gente e ser vida.
a vida é muito maior que o homem e a realidade o excede e ultrapassa constantemente por ele ser tão menor e tão dispensável na história desse mundo? sim. 
mas seria o mundo tão fluido, tão cheio de movimento, cor e ação, ainda que essa cor seja o vermelho do sangue e a ação tenha levado esse sangue a escorrer, apenas por maldade e não obstante por método de sobrevivência? não. o mundo seria tão somente vazio, neutro, normal, a vida seria uma vida dormida. o homem chega e muda, e nem sempre, na verdade, quase nunca seus feitos são benéficos, mas, parafraseando Belle and Sebastian, o homem colore a vida com o caos do problema.
o conflito é necessário para a mudança e a mudança é necessária para que se perca o medo da mesma e se adquira o medo do marasmo que nos controlaria se não fôssemos tão teimosos a ponto de chegarmos e mudarmos cada coisinha que vemos e queremos tirar do lugar. e na maioria das vezes, essa coisinha que queremos tirar do lugar, é a vida em si.
o homem vem, fica entediado, mexe com toda a vida que há no planeta, porque ele é um ser inquieto e insatisfeito, sujeito à bagunça. ele faz confusão com todo o ecossistema alheio em busca do seu ecossistema interior na chamada viagem iniciática. a viagem não somente ir daqui até ali, mas ir daqui até e li e descobrir que é um lugar diferente e que ele muda de acordo com o lugar que se encontra. ele se descobre enquanto se locomove. ele não nasceu pra ficar parado. ele nasceu pra ser o ser egoísta que destrói a calmaria e a harmonia do céu na Terra pra provar um pouco do movimento. provar um pouco da discórdia. e fazer da própria vida uma jornada de auto-conhecimento e um modo de se testar a todo momento. somos inteiramente desafiados pela vida que criamos ao longo de toda a nossa existência, a vida que nos espera fora de casa, casa que não existiria se o homem não tivesse vontade e necessidade de se abrigar pra fugir de tudo que ele não quer ver ou sentir. portanto (não vá se confundir), ele não vive na casa. ele vive em sua mente perturbada, seu corpo elétrico e inconstante. ele só dorme na casa.
toda essa ideia de apartamentos e comércio e indústrias e sociedade e certo e errado, leis e crimes, prisões e falsas liberdades, tudo criado num teatrinho da vida não com a função de interpretar/ser outra pessoa. mas de encontrar a si mesmo enquanto o faz.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

abrigos.

eu gosto de tirar foto das pessoas depois que elas acordam. claro, maquiagem é bonito, mas esconde quem você é de verdade. ao despertar, você se encontra cara-a-cara com a realidade novamente, após passar horas na sua própria companhia e da sua imaginação: não há outra hora em que você seja tanto você. o seu sorriso não vai ser forçado, sua cara de preguiça vai dizer tudo. uma foto depois de acordar, com o cabelo bagunçado e os olhos um pouco apertados, dizendo quem você é. não a fantasia que você bota pra se apresentar ao mundo. acho que por isso a história de sair por aí de pijama. é como dizer "esse sou eu quando eu tô confortável. quando eu tô em casa. quando eu me sinto bem. quando eu sou eu, sem máscaras, sem mentiras, sem abrigos pro verdadeiro ser."

deixar tudo mais simples, um pouco mais... casa.

eu quero amar pela felicidade que amar traz, eu quero ser livre de obssessões e de saudades apertadas. eu quero amar meu ser e todo esse mundo, todo esse ar e todas as árvores. tudo que é vida. e lá mais pra longe, todas as estrelas, galáxias, cores, luzes, toda a beleza que tem em existir. em estar aqui. em poder presenciar, olhar, ouvir, sentir o cheiro e o gosto, tocar com as mãos, o que a gente chama de vida. o mundo é a sua casa, o universo é a sua casa. você habita um espaço que é seu. todo o ar que entra em seus pulmões e tudo que seus pés e mãos tocam. tudo que é bonito, mas tudo é bonito. então, tudo que é. toda a experiência. toda a voz, todo o canto, toda a expressão. eu amo viver. eu amo amar. coisas pequenas como formigas, enormes como galáxias, toda a vida que existe. e de poder fechar os olhos, e não precisar mais de corpo. flutuar pelo universo e me sentir viva. parte da experiência. longe de toda a chatiação desnecessária pela qual passamos todos os dias. longe de toda a raiva, cada vez mais forte. amar. eu não tenho medo de voar, de ser nuvem, de ser gente, de ter um coração. amar é perdoar, amar é se permitir amar e se sentir bem com pequenas atitudes. eu não tenho medo de respirar ou de parar de fazê-lo. não mais. o universo é a minha casa e o universo sou eu. eu sou tudo que há e tudo que ainda será. o universo habita em mim, como eu sou minha casa e a minha casa é ele também.

e eu assim como você senti todas as dores de passar de mim pra uma forma humana. contrair-se e expremer-se desesperadamente dentro de um pulmão. a dor que a gente sente quando nasce é a dor da nossa grandeza quando ficamos pequenos demais pra suportar o que a nossa alma tem a carregar. abrigar.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

do antigo "não tenha vergonha de ser feliz"

olha só. 

a bolinha de sabão virou um sorrisão no rosto da criança que tava escondida dentro dessa gente (que se acha) grande.

os adultos se restringem muito a certas coisas que fariam eles felizes, por parecerem infantis demais.
conheço muita gente que tem medo de sorrir, medo de conhecer gente nova, de contar uma piada.
se tem coisa que eu amo são pessoas que te fazem sentir em casa. fazem o ambiente confortável só por estarem ao seu lado. é entrar no carro de alguém da família e saber que você vai poder tirar o sapato e colocar o pé no banco. é caçoar de uma mania de quem se ama. é rir de quando ressaltam uma mania que é sua. é pegar roupa emprestada. é ligar de madrugada por qualquer razão. é se permitir deixar a vida mais feliz (dos outros e a sua).

pessoas introspectivas às vezes só precisam de um empurrão pra se sentirem confortáveis e descobrir quem são. tirar os sapatos, deitar na grama, vestir o que quiser.

fazer bolinha de sabão.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

domingo, 26 de agosto de 2012

a doçura e a simplicidade da apanhador só

se eu fosse começar falando de qualquer banda, seria essa. eles me fizeram entender o porquê de você não precisar de muito pra se teletransportar pra outro universo, conhecer figuras ilustres, sair de si. me mostraram que a simplicidade diz muito mais que palavras grandes.




pra quem reclama que a música atual brasileira é horrível porque ouviu michel teló e suas músicas monossilábicas por aí, nunca mais piaria ao ouvir apanhador só. 
tá aqui uma música do segundo álbum deles, que eles tão fazendo com ajuda financeira dos fãs com retribuições muito fofas e criativas; a cara da apanhador só. você pode dar uma olhada na fofurice do projeto pro segundo álbum aqui.



uma coisa que eu amo em bandas independentes brasileiras: você encontra os álbuns disponíveis pra download no site deles. super recomendo. músicas simplesmente encantadoras e letras surpreendentes, porém, simples. sem muitos blablablás.





pois como muito bem disse Diego Grando: “Um velho cego certa vez me disse para eu me fiar na solidão. Que ela instrui os sentidos. Que há mais filosofia numa sola de sapato que num livro, que um armário sabe mais histórias que um museu."


e aí vai minha primeira recomendação (e também primeiro post! yay!) =]

beijos!